sexta-feira, 2 de março de 2012

FINALIZANDO UM LIVRO!

Olá, como estão todos¿ (e a porra da interrogação ainda ta virada!)
                Hoje venho escrever para registrar o término de um livro! O livro da minha vida volume I! Essa noite eu comemoro a última noite nesta casa. Aqui morei durante 12 anos, cheguei com 19 anos, recém tinha perdido meu pai, estava sem rumo algum! Minha mãe com a doença em franca evolução, minha irmã adolescente revoltada e eu tendo de sair da adolescência às pressas pra tentar dar um equilíbrio a minha família desestruturada! Eu também estava revoltada, não sabia mais em que acreditar, não sabia mais o que era ser feliz! A minha base familiar tinha sido arrancada de mim, tive que engolir o sofrimento e tentar mostrar algum equilíbrio para minha mãe e irmã! Para os demais a impressão que ficou foi que eu não amava meu pai!
                É engraçado como somos julgados, tentamos esconder nossos sentimentos e somos chamados de frios, calculistas, se demonstramos somos umas manteigas derretidas, escandalosos. Como se comportar numa sociedade tão cruel¿ Pessoas da própria família diziam que eu gostava mais do meu gato que de meu pai. Vi minha irmã abandonar a escola, vi minha mãe piorar, vi as lágrimas da humilhação sendo derramadas no rosto de minha mãe, vi a dor, a saudade, a tristeza de perto, aliás, vivi tudo isso!
                Eu queria sair, viajar, “curtir, ficar à toa e viver numa boa” como todo adolescente quer, mas não podia! Eu tive a ajuda de meu tio, eu e minha irmã nos revezávamos para fazer o café da manha da família dele, limpávamos a casa e dividíamos o tempo restante para estudar e ficar com a mãe! Acordávamos as 5 da manha para começar o café, a mesa tinha que estar pronta as 6 por que os primos tinha que ir pra aula, as 5:55 corríamos para comprar o pão, que deveria ser fresquinho, nada de pão amanhecido! Tudo tinha que ser fresquinho! Era um tormento acordar cedo! Quem me conhece sabe que eu odeio acordar cedo!  Em troca disso, meu tio pagava meu curso de enfermagem e a escola da minha irmã!
                Minha mãe recebia uma mísera pensão, a gente fazia e acontecia com aquele dinheirinho! Eu juntava durante os meses, o que tinha de troco, com um pouco do que a mãe dava pra gente pra eu poder ir pra Curitiba ver meus queridos amigos de lá! A mãe sabia q eu era infeliz aqui, que nunca quis vir morar aqui! Mas eu não tinha outra escolha! O tempo foi passando, eu fiz vestibular, passei e cursei a faculdade, junto com o curso técnico! Minha irmã não tava nem aí! Não valorizou o colégio que estudava, reprovou e se revoltou de vez, aos 17 anos ela resolveu ir embora!  Antes disso acontecer choramos mto! Ouvimos mto!
                Eu entendo que uma outra família morando em sua casa seja terrívelmente “invasor”, entendo que atrapalhar uma rotina foi horrível, entendo que a liberdade e privacidade foram tiradas, entendo que nosso jeito de viver era mto diferente do deles! Então a gente tentava não se mostrar, tentava ficar quieto, tentava não falar, tentava não sorrir! Até hoje eu sou assim! Gostaria de ser invisível em vários momentos! Mas parece que tudo q fazíamos parecia afrontar todos! Foi mto complicado! Mas a gente não tinha liberdade e privacidade nenhuma, éramos controladas nos horários de chegada, saída, dormir, acordar, comer, ver TV, enfim ... Um quartel quase! Estávamos fragilizadas, tristes, sem perspectiva alguma de futuro, perdemos nosso porto seguro, os amigos ficaram distantes, a vida reiniciava e de uma forma tão sofrida!

                Várias vezes pensei besteiras, várias vezes vi minha mãe pedindo p meu pai vir buscá-la, várias vezes odiei tudo e todos! Mas terminei o curso, segui na faculdade, fiz concurso, passei e 4 anos depois me chamaram! Durante esse tempo, eu fui agente de saúde pra ajudar no orçamento da casa e ter um extra pra mim né¿ Gastava em Curitiba! Rsrsr
                Minha irmã foi embora, a gente não tinha dinheiro pra ajudar ela sempre! Ela acabou engravidando, saiu do colégio e teve que se virar! Minha mãe piorando, acabou indo para uma cadeira de rodas, ela era pesadinha! Tinha que colocar e tirar da cadeira, dar banho, as vezes ela se afogava e era um deus nos acuda! Rs. Minha coluna era um caco nesse período!
                Então eu comecei a trabalhar, o dinheiro entrou em casa e já não éramos tão dependentes assim dos meus tios, já conseguia sair um pouco mais, msm assim tinha que pagar alguém pra ficar com a mãe! Foi nessa época que comecei a vida capitaliana, que vcs já sabem de cor!
                A partir desse momento, vcs já sabem mais ou menos de minha vida!


                O que importa dizer é que cresci aqui, aprendi a dar valor para as pequenas coisas, para os bons momentos, que felicidade completa não existe, desacreditei de muitos sentimentos e crenças, não sou completamente alegre, mas não deixo que a tristeza tome conta de mim.
                Perdi minha amada mãe, ganhei grandes amigos, aprendi o que é solidão, aprendi que posso chorar, aprendi que estar aqui é uma constante luta!
                E espero que a partir de amanha essa luta seja mais leve, sem julgamentos daqueles que estão bem próximos de mim, que eu consiga dar conta de tudo que uma vida adulta exige que eu tenha maturidade para administrar.
                Termino o volume I de minha vida e início o volume II! Vamos ver o que essas páginas vão registrar!
                Obrigada a todos que torceram e torcem por mim! E até amanha! Segunda feira teremos um novo post!
Beijos
Marcinha

12 comentários:

  1. Boa sorte no volume II rs
    adorei a primeira foto, visão linda!

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  2. Nossa Marcinha, que incrível éste capítulo de sua vida. Nunca tinha conversado muito assim com você, então não sabia que tinha passado por tudo isto.
    Você é uma guerreira queenfrentou todas as barreiras que a vida colocou na sua frente e não perdeu a sua alegria de viver.
    Tornou-se para mim um exemplo!
    Saiba que mesmo de longe, se precisar de algo, pode contar com esta amiga mineira.
    Beijos.

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    1. Obrigada Andreia! São os amigos e os pequenos e bons momentos q dão garra! bj

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  3. Marcinha, vc é uma mulher guerreira, batalhadora, admirável!
    Continue seguindo em frente, sem se importar com a opinião dos outros, porque o mais importante é a nossa consciência. As pessoas julgam muito. Odeio isso!
    Seja muito feliz nessa nova etapa de sua vida!
    Viva intensamente e seja feliz!
    Estou torcendo por vc! =)

    Beijos!

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  4. Sério, o que comentar?! Foi o que mais repeti essa semana e que acredito cegamente: Você vai tirar de letra isso! Você tem seu suporte sempre ao lado (sua mãe) e os amigos para o que der e vier!

    Não importa a distância, pode contar sempre com essa menina aqui!

    Você tem uma grade história, um grande exemplo. Desistir nunca! Ser feliz!

    Conte sempre com meu suporte!

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    1. Hehehehe ... Obrigadaaa! contarei sim!!! Pode deixar!

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  5. Boa sorte marcinha nessa nova etapa da sua vida! E que seja muito feliz! =)

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  6. Marcinha, todo sofrimento vem acompanhado de amadurecimento e pelo que eu leio em suas palavras, você tirou de letra todos esses obstáculos que se colocaram em seu caminho e se tornou uma mulher forte e batalhadora, e eu admiro pessoas assim. Você lutou para chegar onde está, conquistou tudo o que tem com muita dificuldade, por isso o gosto da vitória é muito maior e permanente.

    Lhe desejo boa sorte nesse novo começo, e como já disse antes: que seu novo lar também seja a moradia da felicidade. E como diz uma pessoa que eu admiro muito: ACREDITE-SE!

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